As correntes políticas que venceram a eleição presidencial de 2002 sempre sustentaram uma forte crítica às reformas implantadas no Brasil durante os governos Collor de Melo, Itamar Franco e FHC, que deram ao país um novo quadro jurídico-institucional como suporte para um modelo econômico baseado nas aberturas financeira, comercial, produtiva e tecnológica. Foi a introdução no Brasil, de forma tardia, do receituário propugnado pelo chamado Consenso de Washington, já aplicado antes em vários países da América Latina.

A vitória eleitoral de Lula e a chegada do PT e de seus aliados históricos ao governo federal, em 2003, abriam, naturalmente, uma enorme expectativa em relação às possibilidades de mudança que então se descortinavam. Este livro procura avaliar, oito anos depois, em que medida os compromissos históricos de mudanças estruturais no país assumidos pelo novo governo, e reafirmados na polêmica Carta aos Brasileiros, foram cumpridos.

Segundo os organizadores, a pretensão deste trabalho “foi a de procurar nos reportar ao que experimentamos ao longo desses quase oito anos de governo, dentro de uma visão crítica e independente, e a partir de premissas analíticas e proposições que sempre julgamos mais adequadas ao país, e das quais jamais abrimos mão.”

O critério utilizado para a organização deste volume foi convidar analistas – com reconhecida competência técnica, notória especialidade, independência crítica e inserção social e política nas áreas de avaliação contempladas – para produzir textos sobre variados aspectos da política governamental, com abordagens analíticas das estratégias adotadas e análises comparativas. Assim, temos aqui um conjunto de avaliações que se encaixam no objetivo geral de oferecer uma contribuição crítica para o debate acerca do que realmente pode ser apontado como relevante em termos do balanço de diferentes políticas e estratégias do governo federal neste período compreendido entre os anos de 2003 e 2010.