Que aula!
Alcir Santos de Oliveira
O mesmo Alexandre Dumas que iluminou noites indormidas de gerações, graças aos seus eletrizantes, e imortais, romances de capa e espada, surge aqui como historiador, num livro de 1839/40. Para quem é, simultaneamente, louco por História e Dumas, uma rara oportunidade. Apostei e ganhei. A passagem da família Bórgia, oriunda da Espanha, pela história da Igreja Católica, em particular, e da Europa Ocidental, em geral, é, ainda, uma permanente fonte de interrogações e perplexidades. Afinal, Rodrigo, seus filhos e coligados, levaram a instituição a um nível de descrédito sem igual. Qualquer outra teria sido, no mínimo, levada ao fundo de um poço inimaginável. A Igreja Católica, não. Conseguiu, livrar-se do estigma da terrível família, se soerguer e continua gozando de admiração e respeito por tantos quantos, independente de religiões, entendam e apreciem as instituições que são atuantes e respeitadas, em especial em causas como Direitos Humanos e assemelhadas.
Pois bem, Dumas mergulhou nos meandros da história daquele período da Renascença e deixou para a posteridade um livro denso e muito ilustrativo. Bem verdade que, pelo excesso de personagens e fatos que se misturam e se entrecruzam, há momentos em que a leitura se torna enfadonha, levando o leitor a dar uma parada para descanso. Isto não invalida o texto. Logo adiante os fatos se sucedem de forma mais clara e então alguns acontecimentos da história da humanidade se tornam mais claros e elucidativos, pelo menos para este leitor. A exemplo, a questão da venda de indulgências, fato visceral das teses levantadas pelo monge alemão Martinho Lutero e que acabaria causando um grande cisma no catolicismo. Um outro fato diz respeito a questão do que teria levado Savonarola à morte, queimado na fogueira já que fora capaz de enfrentar Lourenço de Médici e saíra ileso. Pois bem, com Alexandre VI foi diferente.
Leitura recomendada para que gosta de História.
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