PASSAGEM DE CALABAR: UMA ANALISE DO POEMA...IVO
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OBJETO
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Leila Míccolis escolheu como assunto de sua pesquisa e tese um relevante poeta do século XX no Brasil – Lêdo Ivo. Autor de múltiplas faces, Lêdo é também ficcionista, cronista e ensaísta. Além de poeta por quem João Cabral tinha especial estima, é um dos principais autores de sua geração. Tendo começado cedo, foi considerado por Manuel Bandeira e outros uma revelação poética. Disso dá ideia o volume de mais de mil páginas publicado pela Topbooks, Poesia completa (2004). Só recentemente, no entanto, sua obra começou a ser reavaliada.
Quando surgiu, na década de 40, Lêdo Ivo foi muito bem recebido pela crítica, mas depois ocorreu um fenômeno que pertence mais à política literária do que à literatura propriamente dita: a chamada Geração de 45, a que pertencia Lêdo Ivo, foi massacrada pelas vanguardas que buscavam se afirmar nos anos 50 e 60. Era o conhecido conflito de gerações. Assim como Lêdo e seus pares de 45 questionaram os de 22, agora os de 56 questionavam os de 45, e procuravam estratégicas alianças com os de 22 para isolarem de vez seus imediatos antecessores. Isso é o que costumo chamar também de uma questão de territorialidade – qualquer animal protege seu espaço soltando sons característicos, urinando ou defecando aqui e ali.
Há quem diga que o poeta é um dramaturgo latente, e que o dramaturgo é um poeta realizado. Na poesia lírica, como afirma um dos autores preferidos de Leila, Emil Staiger, predomina o eu (o subjetivo), e na poesia dramática e épica o nós (o coletivo). Pois Lêdo Ivo ousou tomar um tema problemático na história do Brasil: a figura de Domingos Fernandes Calabar, aquele que na luta entre holandeses e portugueses preferiu ficar ao lado dos primeiros. Esse tema, como lembra a ensaísta, interessou, durante a recente ditadura brasileira, também a Chico Buarque e Ruy Guerra, na peça onde tratam do que seria o elogio da traição.
Ousadamente, o poema funde o Calabar de ontem com um guerrilheiro chamado Messias Calabar, e mítica e messianicamente o descreve cavalgando seu cavalo branco, varando canaviais / entre dunas e riachos. Este trabalho tem a dupla virtude de nos dar a conhecer melhor uma outra face do poeta Lêdo Ivo e a face de ensaísta de Leila Míccolis.
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