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OBJETO
DE DESEJO
«À partida, uma simples constatação — de contornos burlescos: chegámos ao estado final (consumado) do bourgeois gentilhomme. Quer dizer: do burguês que comprava tudo para ser — aparentar ser—um nobre.
A comédie-ballet homónima de Molière (e Lully) assinalava, com uma graça inexcedível, uma fractura histórica: entre o mecenato e o saber, isto é, para o que nos ocupa, entre o poder financeiro e o juízo de gosto. Mas hoje há uma diferença — a diferença que nos situa no final de um processo histórico: o poder financeiro tende a apagar a linha de separação, não já entre o bom e o mau gosto (fronteira que Monsieur Jourdain encarnava),mas entre a obra e os produtos que saturam o mercado cultural. E isto significa, simplesmente, que o niilismo já não afecta somente aquele que exercia (ou exerce) o juízo de gosto: ele foi totalmente interiorizado por aquele que cria—ou aparenta criar. Na ausência de um princípio objectivo que distinguisse a obra, abriu-se objectivamente o espaço para o aparecimento de um sujeito que não distingue nada de nada—e para o qual tudo é válido e tudo vale.»
«[…] distinguir a arte da pseudo-arte também já não pode ser um assunto de gosto: é uma tarefa ética — a qual, aliás, não diz respeito primeiramente, e ainda menos exclusivamente, aos artistas. Daí a existência deste pequeno livro. Ele procede de uma questão endereçada a alguns autores sobre a persistência da arte no regime político actual, isto é, no capitalismo financeiro mundial — questão que pressupunha, por conseguinte, repensar a relação entre a arte e a política.»
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