No aniversário de 17 anos, a piauí traz uma edição de mais de cem páginas, com perfil, análise política, investigações sobre monopólios, denúncia de assédio, relato de depredação ambiental, crítica estética, documentário, trechos de livros sobre nazismo e sobre antropologia – e uma festa para os olhos, na forma de um portfólio de No Martins, que retrata cenas raramente presentes na pintura: mulheres e homens negros no lazer, na praia (Elogio ao ócio).

O perfil: Consuelo Dieguez investiga a carreira política de Simone Tebet para entender como a ministra se equilibra em um governo de centro-esquerda, sendo filiada a um partido dividido e tendo sua base eleitoral em um estado bolsonarista (A loba solitária).
A análise política: Brian Winter descreve como Joe Biden deu uma guinada, adotando posições mais estatista e pró-trabalhadores, e o significado desse movimento para o governo de Lula e o Brasil (O americano petista).

Sobre monopólios: Denyse Godoy conta como as instituições financeiras passaram a dominar o noticiário econômico no país e as implicações dessa prevalência para o leitor – e o investidor (Está tudo dominado). Daniel Cohen, em reportagem publicada originalmente na London Review of Books, mostra como o Spotify trabalha para capturar os ouvidos e o impacto disso na qualidade musical (Ouça bem).

Denúncia: João Batista Jr. ouviu enfermeiras que acusam um conceituado médico de São Paulo, Antonio Carlos Lopes, de assédio sexual (“A gente se sente um lixo”).
Depredação ambiental: Allan de Abreu descreve como um novo-rico de Alagoas tornou-se um abastado explorador de minério depredando a Serra do Curral, em Belo Horizonte (O predador).
A crítica estética: um texto de Teju Cole, originalmente publicado na revista do jornal The New York Times, discorre sobre os sinais de uma época violenta nas obras de Vermeer (Para além da beleza).

Documentário: Alejandro Chacoff comenta a última entrevista de John le Carré, em filme da Apple TV que será lançado no dia 20 de outubro e ao qual a piauí teve acesso antecipado (A luz no túnel de pombos).

Nazismo: um trecho do livro de Betina Anton descreve a aprazível vida que Josef Mengele, o “Anjo da Morte”, desfrutou no Brasil em seus últimos anos (Um nazista na roça) e um capítulo de um livro raríssimo de Otto Maria Carpeaux – achado pelo crítico literário André Rosa num sebo belga – narra a tomada da Áustria pelas tropas da Alemanha hitlerista (O fim da canção).

Antropologia: um capítulo de Admirável Novo Mundo, livro do repórter Bernardo Esteves, discute a ética das pesquisas com DNA indígena e conta as novas descobertas sobre os povos originários das Américas.

E tem mais: as Esquinas, um conto de Marcelo Moutinho (Amarelinha), seis poemas inéditos do paraense Age de Carvalho (Para todos e ninguém), uma HQ de Gidalti Jr (Peixe estranho) e o diário do Geraldo (Lula é meu Sr. Miyagi e nada me faltará).


Boa leitura.


André Petry
Diretor de redação