Durante os séculos XII e XV, a Europa Ocidental assistiu à formação de seus primeiros estados territoriais, cuja dinâmica foi acompanhada pela reintrodução de instrumentos monetários e pela própria recuperação da sua vida econômica em geral. O objetivo deste livro é reinterpretar o processo de remonetização europeia a partir dos desafios e dilemas próprios das guerras da época, cuja geografia monetária resultante moldou as possibilidades de enriquecimento acelerado.

Nesse contexto, a história veneziana tem muito a contribuir. Por um lado, evidencia o papel decisivo de conflitos e da geografia política na abertura de oportunidades para a sua acumulação de riqueza. Por outro, por ser uma cidade tão dedicada aos jogos mercantil e financeiro, sua história permite elucidar questões monetárias próprias do medievo, além de tornar clara a natureza cartal e expansiva de sua moeda, o grosso.