Há muito as gentes leitoras aguardam um novo livro da leira poética cultivada com esmero, entrega e lirismo por Maria da Conceição Paranhos. Poeta no sentido visceral e pleno desse conceito raro, fugidio e indecifrável, cuja pena acumula e deixa fluir a sabedoria das ciladas e dores e ilusões e prazeres fugazes do mundo, Conceição atravessa incólume a navalha das pontes, com a seda diáfana do rosto rasgando a ventania das tempestades, com a delicada pluma dos pés deslizando por sobre espinhos e escombros, para recolher-se em botão, no retorno à fonte primeva, à flor inaugural, em contato com aromas e formas e cores de uma música eterna, a rosa rara de onde ela sabe que brota sua imanente e indestrutível alegria e vitalidade poética.

Luís Antonio Cajazeira Ramos.