Poemas de Johannes R. Becher, Gottfried Benn, Albert Ehrenstein, Iwan Goll, Walter Hasenclever, Georg Heym, Jakob van Hoddis, Wilhelm Klemm, Else Lasker-Schüler, Alfred Lichtenstein, Ludwig Rubiner, René Schickele, Ernst Stadler, August Stramm, Georg Trakl e Franz Werfel. Com gravuras de Max Beckmann, George Grosz, Lyonel Feininger, Ernst Ludwig Kirchner, Max Pechstein, Karl-Schmidt Rottluff, Lasar Segall, entre outros.
No contexto de um ressurgimento de interesse pelo expressionismo no Brasil, a Estação Liberdade lança esta antologia de poesia expressionista alemã organizada pela tradutora e germanista Claudia Cavalcanti. Não data de hoje o fascínio exercido por este movimento artístico primordial do século XX no Brasil, mas só agora pode-se dizer que há uma certa agitação em torno dele, para o que certamente contribuirá a grande exposição de artistas plásticos do expressionismo no Rio de Janeiro e (com inauguração em 10 de outubro) em São Paulo. Assim como contribuiu também a herança expressionista do período alemão do pintor Lasar Segall, entre outros.
Decidimos inserir gravuras de alguns dos principais artistas expressionistas da época, de modo não somente a abrilhantar o meticuloso trabalho da organizadora, mas sobretudo para permitir que se tenha uma idéia da riqueza das artes plásticas no período correspondente.
Expressionismo: movimento coeso, feérico, efusivo, voluntarioso, mantendo aí alguma continuidade com o romantismo alemão. Principalmente como tradução de sentimentos rebeldes contra uma Alemanha arcaica, enrijecida, sofrendo ainda as conseqüências de uma revolução industrial muito tardia e de estruturas política e econômica instáveis.
Os poemas refletem claramente essa situação: um lirismo acentuado os permeia, mas aquele lirismo do engajamento, de tempos incertos. Poemas de amor também, mas carregados e muitas vezes sombrios - grande parte deles escritos logo antes ou durante a Primeira Guerra Mundial - um cadafalso para um movimento expressionista cosmopolita por excelência, e que não se recuperaria da grave ferida a entalhar a Europa e a colocar irmãos das letras em campos opostos.
Tempos sombrios, portanto: dos 16 poetas selecionados por Claudia Cavalcanti, três morreram em combate (Lichtenstein, Stadler e Stramm), dois cometeram suicídio (Hasenclever e Trakl), van Hoddis morreu em campo de concentração, Heym afogou-se, Rubiner foi vitimado pela pneumonia. O legado de uma geração tão conturbada certamente demandaria mais tempo para ser avaliado. Mas hoje não restam dúvidas sobre a fundamental contribuição do expressionismo literário, artístico, teatral, musical e cinematográfico para as artes do século XX.