A trama muito bem urdida desta história que mistura elementos da cultura popular, um famoso pintor, humor e suspense não deixará que o leitor desgrude do livro antes de chegar à última página. Fisgado nos primeiros parágrafos pela narrativa bem humorada e por personagens muito bem construídos, o leitor é guiado por uma espécie de labirinto que, num primeiro momento, não deixa claro aonde levará.

Até que as peças vão se encaixando e, a cada página virada, novas e surpreendentes revelações vão costurando os acontecimentos, num bordado perfeito, que levará à Sandala, revelando o segredo que o leitor busca saber. Romance para todos os públicos, a história situa o leitor na fictícia cidade de Aruoca, governada há mais de cem anos pela mesma família, que detém o poder político e também o poder econômico, empregando quase toda a população em sua indústria de pincéis. Retratado com humor e boas pinceladas de crítica, o lugar é o cenário por onde desfilam personagens bastante pitorescos, que lembram muito os personagens de contos populares, como a poderosa Orvalina, dona de uma beleza renascentista: roliça, farta de carnes e abdômen redondinho em feitio de bola gigante de quermesse.

Do pescoço, descia uma papada boa de acarinhar: macia e oca por dentro. Contudo, Orvalina não queria saber de carinho nenhum na papada, não! Era devota e solteira convicta. E a trama segue por um caminho de suspense que surpreende e encanta, até chegar ao final inesperado, que revela que cada detalhe da história estava no lugar certo e tinha função importante na construção do enredo e do apoteótico desfecho.