SE EU QUISESSE, ENLOUQUECIA
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OBJETO
DE DESEJO
A vida de um grande poeta e, simultaneamente, um grande mistificador, que se serviu dos críticos e dos académicos para esculpir a sua estátua e preparar a posteridade.
A infância na Madeira foi vivida a subir às árvores, tentando chegar mais perto do céu, para onde tinha ido a mãe, e em conflito com o pai. Não espanta, por isso, que o jovem Herberto tenha vivido sempre em fuga. Migrou, primeiro, para Lisboa, passando por Trás-os-Montes, Coimbra, Paris, Bruxelas, Amesterdão, Antuérpia e Santarém.
Mais tarde, cultivou amizades com marginais, prostitutas, loucos e artistas malditos, que lhe abriram as portas do meio literário. Desejando ser admirado e distinguido como grande poeta, prestou uma atenção obsessiva a tudo o que sobre ele se escrevia e dedicou-se a influenciar e condicionar essas opiniões. Em paralelo, entregou-se às paixões, viveu em depressão e melancolia, casou duas vezes, foi perseguido pela PIDE e pela censura, passou fome e refugiou-se na solidão. Teve vários empregos: delegado de propaganda médica, meteorologista, publicitário, angariador de clientes para prostitutas, redator de notícias na rádio, ajudante de produção na RTP, etc. Viveu em Luanda, como repórter, e conheceu os horrores da guerra, tendo escapado, por milímetros, à morte. Incapaz a nível doméstico e pai de dois filhos, aos quais nunca consagrou o afecto expectável, só se dava a sacrifícios pelo trabalho literário.
Nesta biografia, com recurso a cartas do próprio e a testemunhos inéditos de quem mais de perto com ele conviveu, o sociólogo e investigador João Pedro George apresenta, pela primeira vez, e com grande nitidez, o ser humano por detrás do poeta Herberto Helder: uma pessoa grande e pequena, ingénua e maliciosa, bondosa e perversa, humilde e vaidosa, cordial e calculista, inspirada e atormentada, brilhante e viciada na retórica, genial e com laivos de machismo. Um homem, enfim, em quem o vácuo moral corria parelhas com a grandeza dos momentos de altíssima inspiração.