TEATRO II: AS TRES IRMAS / O JARDIM DAS CEREJEIRAS
produto indisponível
OBJETO
DE DESEJO
As Três Irmãs:
O primeiro ato começa na primavera. É o despertar da natureza e o despertar das esperanças das três irmãs Prósorov – Irina, Olga e Macha, depois de um ano de luto pela morte do seu pai. O último, o quarto ato, passa-se no outono, “a neve pode cair a qualquer momento... Os pássaros já começam a emigrar...” , diz Macha, como se esses pássaros de arribação levassem consigo todos os sonhos e a esperança de felizes mudanças na vida das três irmãs.
A fábula externa da peça poderia parecer trágica se não fosse absorvida pelo mais importante enredo interno tipicamente tchekhoviano. Na tessitura dramática do drama sempre se entrelaçam dois planos – o plano da vida material (nesse plano, para as três irmãs, tudo fica pior do que era no início da peça) e o plano da vida espiritual que o autor considera essencial. Para Tchékhov, a vida do homem que não é iluminada pela busca da verdade e da beleza não tem sentido, como diz Masha (a mais inteligente das irmãs) no seu famoso monólogo: “Parece-me que todo homem deve ter uma fé, ou deve procurar uma fé, sem a qual sua vida torna-se vazia, vazia... Viver sem saber por que voam as cegonhas, por que nascem as crianças, por que há estrelas no céu... Não! Ou sabemos por que se vive, ou tudo não passará de ninharias atiradas ao léu...”
O Jardim das Cerejeiras:
Esta é a última peça de Anton Tchekov. O fio narrativo, como sempre em suas obras, é de pouca importância: um cerejal, pertencente a uma família de aristocratas em decadência, está prestes a ser vendido. As personagens fazem de tudo para salvá-lo e cada uma delas vê naquele pomar um valor sentimental, cultural ou social. O cerejal acaba sendo vendido num leilão a Lopahin, filho de antigos servos da família, que havia se tornado um próspero burguês. A peça apresenta um painel social da Rússia pré-revolucionária e do processo de transformação por ela sofrido a partir de 1900. Tchekhov preza algumas das qualidades da velha aristocracia: a delicadeza, a sensibilidade, o culto às tradições, tomado não como um maneirismo de classe e sim como a cristalização do que se considera uma conquista do espírito. Ao mesmo tempo, porém, tem a suficiente lucidez para sentir a transformação que está se operando na maneira de viver daquela classe e em toda sociedade russa.
Leia mais…