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Para ninguém botar defeito!
Alcir Santos de Oliveira
Eis aqui um texto de altíssima qualidade, com a marca desse mago da literatura mundial, Mario Vargas Llosa. Um romance histórico ambientado num dos mais complicados momentos do século XX, os da “Guerra Fria”. Quem viveu a época tem a oportunidade de conferir e até tirar dúvidas sobre o jogo infame dos dois impérios sobre os países latino americanos, especialmente da América Central, valendo destacar que, no final, como muito bem posto no romance, quem tinha real interesse nesses países era o império do ocidente, os Estados Unidos. Afinal a proximidade geográfica facilitava tudo, inclusive a intervenção física, armada ou não. Na época esses países eram conhecidos, pejorativamente, como Repúblicas de Bananeiras.
Fato é que, como o livro deixa claro que, além das tensões entre a União Soviética e os Estados Unidos, havia um real interesse dos americanos em controlar os governos de países como Guatemala, República Dominicana, El Salvador e Nicarágua. A base desse interesse era garantir a presença e os lucros escandalosos de empresas americanas, como a United Fruit de tão nefasta memória. O enredo é ambientado na Guatemala, onde a “Fruteira” surgiu, dominou, corrompeu e se expandiu para outros países. No final tudo que o imperialismo quer: lucros, lucros, destruição do meio-ambiente, salários aviltados, camponeses miseráveis, nenhum imposto, tudo isso tendo como ponto de partida governos submissos e manipulados, de preferência violentos e sanguinários.
Assim o autor constrói um texto de qualidade, atemporal e absorvente. Trabalha com personagens e fatos reais, fazendo a tessitura do enredo introduzindo personagens fictícios, mas perfeitamente verossímeis como o embaixador americano e a “Miss” Guatemala. Para os que viveram aquela época e acompanharam as idas e vindas e as intermináveis séries de golpes e alternância de ditadores, uma oportunidade de confirmar informações. Para os que não viveram, uma aula de história que não se tem nas escolas.
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