Senti, logo ao ler alguns críticos e estudiosos da obra hilstiana, nos idos dos anos 1990, que eu também tinha um compromisso com o estudo dessa obra tão ímpar, tão polêmica, tão desconhecida dos leitores. Fiz comigo mesmo uma espécie de pacto. Leria a “tetralogia obscena”, ou “pornográfica”, ou “pornô chique”, tantos eram os nomes dados aos livros que a compunham. Comecei por escolher os três livros da “trilogia obscena”, para fazer minha pesquisa de mestrado, que acabou por ser a minha dissertação de mestrado, no IEL, Unicamp, orientado por Vilma Arêas, e cujo título é Holocausto das Fadas: a trilogia obscena e o Carmelo Bufólico de Hilda Hilst (1995), publicada com o mesmo título, pela Edufes e Annablume, com prefácio de Vilma Arêas, em 2000. Sempre achei sua literatura muito política, muito séria, muito soco na cara!

Hoje, tendo completado, em parte, os meus estudos, ministrado cursos em Mestrados e Doutorados e escrito dois livros sobre sua prosa, além de capítulos de livros e artigos para periódicos científicos, sinto-me mais livre para teorizá-la e analisá-la, talvez, com mais rigor e distanciamento crítico. Assim, arrisco este Ter Sido Estar Sendo – A Prosa Poética de Hilda Hilst e coloco-me também no meio de toda a discussão sobre sua obra polêmica, defendendo, porém, ser ela uma das maiores escritoras brasileiras do século XX/XXI, ganhadora de vários prêmios literários, inclusive dois Jabuti, um Anchieta e outros vários. Está traduzida para o Inglês. Tive também grande orgulho de participar da Antologia Crítica que analisa sua obra em Inglês: Essays on Hilda Hilst – Between the Brazilian and World Literature, London: Palgrave Macmillan, 2018.