TODOS NOS SONHAVAMOS EM SER CARMEM MIRANDA
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OBJETO
DE DESEJO
Todos nós sonhávamos em ser Carmen Miranda é o quarto livro de Kaio Phelipe, que acaba de sair pela Editora Impressões de Minas. O autor que nasceu no Rio de Janeiro em 1997 publicou também os volumes Não existe pecado no lugar de onde vim, Para o homem descansando ao meu lado e Como cuidar de um girassol.
O novo livro marca a segunda incursão de Kaio pelo universo de contos e, assim como em seu primeiro livro, temos uma cena dissidente de corpos que reivindicam novos modos de ser, sentir e estar no mundo. Além desse caráter eminentemente político da literatura desse jovem autor carioca, me chama a atenção, desde a leitura de seus primeiros livros, o modo como as posições de gênero e sexualidade reverberam também numa linguagem que marca na assinatura do autor sua importância na nova cena literária LGBTQIA+ no Brasil.
Se por um lado, os dezesseis contos que compõem Todos nós sonhávamos em ser Carmen Miranda são escritos a partir de um lugar político muito intenso em que o enfrentamento das violências exercidas contra os corpos LGBTQIA+ pode ser pensa de como uma das linhas de força dessa literatura, por outro lado, essa temática nunca é criada pelo autor sem uma reflexão do modo de dizer e defender a não-violência. Trata-se, portanto, de um livro de contos em que cada narrador possui uma dicção particular que revela, de algum modo, um lugar enunciativo que também é singular: são corpos que se enunciam a partir de recortes etários, sociais e filosóficos. Há uma multidão queer, para usar o termo de Paul B. Preciado, que grita por meio dessas narrativas curtas. E essa multiplicidade de modos de ser também é outro valor absoluto desse conjunto de contos.
Gostaria ainda de destacar como Kaio Phelipe se inscreve no que quero chamar de nova cena literária LGBTQIA+ por meio de dois recursos literários muito particulares. Num primeiro olhar, o escritor possui uma ampla leitura da cultura brasileira e latino-americana, em especial, das culturas queer, o que aparece a partir das inúmeras intertextualidades e citações. Esses intertextos e citações, que já constam no título do livro, criam novos modos de leitura e de discussões sobre os corpos vulneráveis. Além disso, num segundo olhar de leitura, mais atento, percebe-se que muito do que se cria nessa nova cena literária tem a ver com escrever a partir do ouvido. Isso significa que há um saber também da rua, de ouvir os outros corpos.
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