Escrito por um time de dezesseis pesquisadores e pensadores brasileiros e estrangeiros, o livro Uma bola no pé e uma ideia na cabeça: o que o futebol faz pensar, organizado por Arthur Ferreira, André Martins e Robert Segal acaba de ser lançado pela Editora UFRJ. A obra chega bem no momento em que a derrota da seleção brasileira nos tira o sonho do hexacampeonato, trazendo várias reflexões sobre os afetos que envolvem esse esporte e o espetáculo, as relações de poder, a arte e a polêmica que atravessam o futebol.

De uma forma pioneira, o livro procura mudar o estilo de jogo, pela recusa da tomada do futebol como objeto dócil e por um modo de pensar não sobre ele, mas com ele, fazendo desse esporte um campo privilegiado para analisar alguns elementos estruturantes da sociedade. Os autores – com distintas filiações filosóficas, nacionalidades, universidades, áreas do saber e filiações clubísticas – trocam passes com pensadores como Sócrates, Hobbes, Spinoza, Nietzsche, Deleuze, Gramsci, Lyotard, Latour e Bauman, entre outros. Porém, esse livro se pretende filosófico menos pelo trabalho desses célebres pensadores do que pelo risco de refletir sobre aquilo que o futebol nos propõe como questões.

A bola, as torcidas, os times, os árbitros, as competições organizadas e as experiências da juventude, tudo serve como objeto de pensamento. O que dizer dos afetos que ligam as torcidas? Das estratégias dos times em campo e suas atuações? Das atividades dos árbitros? Das relações de poder que se estabelecem nas federações e nos campeonatos nacionais? Essas são algumas das questões debatidas nessa obra essencial para leitores interessados nas mais diversas áreas, como antropologia, psicologia, filosofia, estudos de ciência e tecnologia e sociedade, e aficionados por futebol.