"Há que se ouvir o som das palavras e tatear seus avessos nesta obra de Vicente Franz Cecim. A antologia ficcional que você tem em mãos perpassa um zeitgeist filosófico-onírico que convida a mais que uma simples leitura. É um convite, sobretudo, ao movimento e à experiência da não fronteira. Cenários, personagens e imagens fazem e se desfazem, escapando a regras e hierarquias. São palavras-neblina as que Cecim usa, vocábulos que voam no céu, nos céus, nos não-céus de Andara e pousam sobre o mundo interno do leitor causando arrebatamento.
Não à toa, a escritura do autor é tida como extraordinária pela crítica literária portuguesa. Nela, os narradores desfiam atmosferas e seres etéreos, híbridos – e aproximam-se e afastam-se para revelar em estruturas sintáticas singulares o poder da palavra para ir além de si mesma. São palavras a parir e desparir o homem e a natureza. Uma narrativa que explora a ontologia dos sentidos, as aberturas, as frestas em escritura-oráculo.
Há uma sensação de caldo primordial no que Cecim escreve. Sísifo-narrativas que se alongam em rastro mesmo quando os livros acabam. Os ecos de Andara, de seus animais, homens, mulheres, crianças, anjos e tempos continuam a reverberar nos leitores em múltiplas camadas. Movimentar-se pela obra de Vicente Franz Cecim não é algo que se faça impunemente". (Anita Deak)

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“Vicente Cecim. Eu o comparo hoje, em sua solidão, a um Leminski, Ricardo Guilherme Dicke, José Agrippino de Paula, Roberto Piva, Glauco Mattoso. Um homem elogiado por Leo Gilson Ribeiro, Benedito Nunes, Oscar D’Ambrosio, Moacir Amâncio, Antonio Hohlfeldt, uma literatura que incomoda, mas é necessária.” (Ignácio de Loyola Brandão)