WITTGENSTEIN!: PEÇA EM 1 ATO
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OBJETO
DE DESEJO
Dizem os mestres da dramaturgia que bom personagem teatral é aquele que não se faz revelar pelo nome, mas por sua ação. Na peça Wittgenstein!, dada a importância do protagonista, esta asserção cai como uma luva. Ludwig Wittgenstein (1889-1951) foi um dos mais importantes e conturbados filósofos do século 20, mas emprestado ao teatro surge como um professor que proferirá uma palestra a uma platéia de alunos e/ou interessados – nós, o público presente. De saída, comunica: “Vou falar de fatos que consistem ser o mundo e a linguagem do mundo”.
Somos convidados a enveredar pelos pensamentos do conturbado pensador, que influenciou grande número de artistas modernos e contemporâneos, como o dramaturgo Peter Handke (Insulto ao Público e Kaspar) ou o romancista Thomas Bernhard (O sobrinho de Wittgenstein) – para citarmos apenas dois grandes nomes.
Outra característica que merece destaque – e vale sublinhar que se trata do primeiro texto teatral do escritor, poeta e filósofo Contador Borges –, é o entrelaçamento entre filosofia e dramaturgia. Pode-se afirmar que os dois campos se intercomunicam de forma consistente nas oito partes que constituem o texto. Mas se valorarmos ambos os domínios, também poderemos afirmar que Contador Borges soube como colocar a filosofia a serviço do teatro, e não o contrário, o que poderia tornar a peça por demais hermética, mesmo maçante. Desta constatação, nasce um trabalho sob a égide da verossimilhança, que segundo Aristóteles, em A poética, é ter a capacidade de escrever sobre o que poderia ter acontecido entre pessoas, pois o que aconteceu pertence ao campo da História. Em Wittgenstein!, há cenas que poderiam, de fato, ter ocorrido, mas sob a tal forma e medida que sua biografia em nenhum momento é traída. Ao longo do percurso, deparamos com um personagem que enfrenta conflitos e ambivalências, até o momento em que o protagonista, depois de “dizer tudo que deve ser dito”, busca a natureza do silenciar: “Inventei uma lógica para o mundo... criei tabelas de verdade... jogos de linguagem... mas eu prefiro mesmo a poesia. Quero a fórmula da cegueira! O silêncio. O que não se pode falar deve-se calar”.
(Marici Salomão)
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