STEFANIA BRIL: DESOBEDIENCIA PELO AFETO
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OBJETO
DE DESEJO
"Com 304 páginas, o catálogo apresenta ao público a obra fotográfica, a produção crítica e a atuação no campo institucional de Stefania Bril (1922-1992).
Nascida na Polônia em 1922, em uma família judaica, Stefania emigrou para o Brasil em 1950. Em São Paulo, em 1970, consolidou-se inicialmente como fotógrafa e, a partir dos anos 1980, como crítica e curadora. Em suas imagens, captou especialmente cenas cotidianas, pessoas comuns e momentos de encontro e irreverência, em perspectivas que propõem sutis deslocamentos na forma de olhar para as metrópoles e seus habitantes.
O catálogo traz fotos principalmente de São Paulo, mas também de outras grandes cidades, como Nova York, Paris, Amsterdã, Jerusalém e Cidade do México. As pessoas “anônimas” que habitam essas urbes contraditórias são as protagonistas das imagens. Embora signos das metrópoles, como edifícios e construções, também estejam presentes, nas fotos de Stefania eles são atravessados por intervenções lúdicas, evidenciando a posição crítica da fotógrafa em relação à padronização e desumanização impostas pela razão moderna.
O humor e a ironia também transparecem nas fotografias. Algumas delas trazem cenas que beiram o surreal, como a imagem de uma vaca no meio de Amsterdã e a de uma mulher carregando uma nuvem de balões no meio da Quinta Avenida, em Nova York. Ainda na chave do humor, Stefania também mira seu olhar para as escritas das cidades, capturando cartazes, outdoors e pichações. Sobre esse caráter de sua obra, a artista escreveu: “Insisto em ter uma visão poética e levemente zombeteira de um mundo que às vezes se leva a sério demais"".
O catálogo também apresenta diversos retratos feitos por Stefania, outra característica marcante de sua produção. Na maioria das imagens, prevalecem crianças, concentradas em suas brincadeiras, e pessoas idosas, fotografadas nas ruas ou no ambiente doméstico.
As fotografias presentes no catálogo enfatizam a singularidade do seu olhar, calcado na desobediência aos padrões e nas potências do encontro e do afeto, como a própria fotógrafa afirmou em 1975: “Nesse nosso mundo de violência, continuo obstinadamente a acreditar no ‘homem humano’ e em que as coisas sem importância são as únicas que dão importância à vida do homem”.
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